Vanderlei Silva
Este é um tema antigo. Frederick Herzberg, por exemplo, argumentava que a remuneração elimina a insatisfação, mas não cria satisfação. Abraham Maslow idealizou uma hierarquia das necessidades humanas, onde a realização pessoal estava no topo. Nesse caso, dependendo da importância que alguém atribua a ter dinheiro, a remuneração pode satisfazer alguma necessidade no alto da hierarquia.
Hoje, os especialistas estão aparentemente divididos em dois blocos bem definidos: uns acham que a remuneração funciona com um "motivador"; outros acham que ela não substitui a "motivação interior" da pessoa para fazer aquilo de que ela gosta ou que lhe dê o sentimento de realização pessoal.
Talvez ambos os grupos de especialistas estejam certos. Há pessoas que se sentem motivadas pelo sucesso financeiro de seus empreendimentos. Nesta categoria estão a maioria dos empresários. Afinal, não se conhece nenhum que, em vida e em seu juízo normal, tenha dado toda sua fortuna para instituições de caridade ou coisa parecida.
Há também pessoas que se sentem felizes fazendo alguma coisa de que gostam, desde que isso lhes dê o retorno financeiro mínimo necessário para uma sobrevivência digna. Nessa categoria estão trabalhadores muito especializados, alguns artistas e outros que, em função de habilidades especiais, são procurados e bem remunerados pelo mercado.
As pessoas que trabalham em organizações, em sua vasta maioria, não têm uma percepção clara daquilo que gostam de fazer. Apenas aprenderam um ofício ou desenvolveram alguma habilidade, de forma não planejada, ao acaso, que lhes permite obter uma remuneração satisfatória. Fazem aquilo que sabem e não aquilo de que gostam. Estão presas a essa armadilha do destino, sem coragem para tentar descobrir sua verdadeira vocação, que poderia dar a elas uma recompensa financeira igual ou maior do que o que elas conseguem com o que fazem hoje.
Uma boa parte desse último e majoritário grupo de pessoas provavelmente continuará a responder bem a incentivos monetários (remuneração e benefícios), até eventualmente descobrir sua verdadeira vocação e mudar de carreira ou ramo de negócios.
Para algumas categorias de profissionais, a remuneração é um indicador de sua competência profissional, como os vendedores que recebem comissão, por exemplo. Um vendedor comissionado que não se sinta motivado pelo dinheiro dificilmente será um profissional de destaque na área de vendas.
Uma outra argumentação poderia ser a de que pessoas adultas, maduras, farão qualquer coisa que apenas toleram para obter os meios financeiros necessários para realizar seus projetos pessoais. Tendo dinheiro suficiente, poderão planejar melhor sua vida, sua carreira, seus negócios.
Por outro lado, pode-se também afirmar que pessoas "irrealistas", "sonhadoras", se apegarão a alguma idéia que não dá dinheiro imediatamente, talvez até renunciem a confortos materiais para realizar seu ideal, apenas porque têm paixão por aquilo que estão fazendo. Eventualmente, terão sucesso e muito dinheiro. São conhecidas as histórias de Bill Gates, Steve Jobs e muitos outros empresários e executivos americanos. (Os brasileiros dessa categoria, com exceção dos artistas, parecem ter vergonha de divulgar suas dificuldades antes de alcançar o sucesso).
Vanderlei Silva é consultor, especializado em ajudar empresas a remunerar, incentivar e melhorar o desempenho de seus profissionais. Para contatá-lo, envie e-mail para vsilva@promerito.com.br ou ligue para 31-2516-8425, em Belo Horizonte, MG.